Relato de caso
Homem, 73 anos, melanoderma, em tratamento tardio por câncer de próstata na Unidade de Oncologia CACON do HUPAA/UFAL/EBSERH.
Foi encaminhado para a Cirurgia e TraumatologiaBuco-maxilo-facial, com queixa de sintomatologia dolorosa em vários dentes.
Exame intra oral:
Mucosas íntegras, coradas e de bom aspecto, desdentado parcial superior e inferior,.
Doença periodontal caracterizada por mobilidade dental em graus II e III e com sangramento gengival a manipulação e sondagem dos dentes;
Focos dentários (restos radiculares) e cárie.
Exame extra oral:
Aumento de volume em região de cervical anterior inferior, próximo à região da glândula tireoide;
Foram solicitados exames pré-operatórios laboratoriais e radiografia panorâmica.
Na radiografia panorâmica observou-se múltiplas imagens radiopacas sugestivas de calcificação em região cervical de tecidos moles próximo ao trígono carotídeo.
Diante do indício de aterosclerose foram solicitados novos exames de imagem a fim de complementar e otimizar o tratamento do cliente, foram eles:
Ultrassonografia (USG) com Doppler de carótida;
USG de tireoideque.
Diagnóstico: "Aterosclerose em carótida bilateral” e “nódulo em lobo da tireoide Esquerdo”.
Com estes achados procedeu-se o encaminhamento do paciente aos serviços de endocrinologia e cardiologia.
Após avaliação dos exames imaginológicos e laboratoriais, a conduta foi a exodontia múltipla de todos os dentes pelo péssimo estado de conservação e pelo planejamento de reabilitação proposto.
Após as extrações, o referido foi encaminhado ao serviço de reabilitação protética da FOUFAL.
Atualmente o paciente encontra-se em bom estado geral já reabilitado e mantendo acompanhamento junto a cardiologia e endocrinologia.
Definição
É uma inflamação, com a formação de placas de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias do coração e de outras localidades do corpo humano, como o cérebro, membros inferiores, entre outros, de forma difusa ou localizada.
Ela se caracteriza pelo estreitamento e enrijecimento das artérias devido ao acúmulo de gordura em suas paredes, conhecido como ateroma.
Sintomas
Os sintomas vão depender de qual artéria está mais entupida:
Coronárias (artérias do coração):
Dor cardíaca durante o esforço (angina de peito).
Pode haver enfarte de forma repentina.
Carótidas (artérias do pescoço):
Perturbações visuais;
Paralisias.
Pode haver desmaios ou derrame (AVC) de forma repentina.
Ilíacas ou femorais (artérias das pernas):
Dor nas pernas ao caminhar;
Queda de pelos;
Enfraquecimento da pele, das unhas e dos músculos;
Impotência (dificuldade de ereção peniana).
Pode haver gangrena de forma repentina.
Fisiopatologia
As estrias de gordura são a lesão mais precoce visível na aterosclerose; representam o acúmulo de células espumosas contendo lipídios na camada íntima da artéria.
A placa aterosclerótica é a característica da aterosclerose; é uma evolução da estria gordurosa e possui 3 componentes principais:
Lipídios;
Células musculares lisas e inflamatórias;
A matriz do tecido conjuntivo que pode conter trombos em vários estágios da organização e depósitos de cálcio.
Causa (origem)
A aterosclerose está relacionada aos fatores de risco tradicionais, como sedentarismo, alimentação inapropriada, pressão alta, diabetes, colesterol elevado, tabagismo e obesidade.
Pequena parte é de causa hereditária, como, por exemplo, em portadores de hipercolesterolemia familiar, em que indivíduos da mesma família têm o colesterol muito elevado desde criança.
Diagnóstico
O diagnóstico da aterosclerose depende da existência ou ausência de sintomas.
Pacientes sintomáticos:
Avaliam-se os pacientes com sinais e sintomas de isquemia para determinar a magnitude e a localização da oclusão vascular, com vários exames invasivos e não invasivos, dependendo do órgão comprometido..
Esses pacientes também devem ser avaliados para a determinação da existência de fatores de risco de aterosclerose por
História e exame físico
Perfil lipídico de jejum
Níveis de hemoglobina A1C
Os pacientes com doença documentada em um local (p. ex., artérias periféricas) devem ser submetidos à investigação clínica para identificação dessa doença em outros locais. Como nem todas as placas ateroscleróticas têm risco semelhante, investigam-se várias tecnologias para testes de imagem como uma forma de identificar placas especialmente vulneráveis à ruptura; mas ainda não se usam essas técnicas na prática clínica.
Exames de imagem não invasivos:
Ultrassonografia vascular tridimensional;
Tomografia computadorizada (TC);
Angiografia por RMN
Exames invasivos por cateterismo também são usados. Esses incluem
Ultrassonografia intravascular;
Angioscopia;
Termografia das placas;
Tomografia de coerência óptica;
Elastografia.
Exame de imagem do tipo positron emission tomography (PET) da vasculatura é outra abordagem emergente para avaliar placa vulnerável.
Além de lipidograma, glicemia plasmática e hemoglobina A1C de jejum, alguns médicos dosam os marcadores séricos de inflamação.
Níveis de proteína C reativa ≥ 3,1 mg/L (≥ 29,5 nmol/L) são altamente preditivos de eventos cardiovasculares.
Pacientes assintomáticos (triagem):
O papel dos testes adicionais para além do perfil lipídico não está claro. A maioria das diretrizes recomenda triagem pelo perfil lipídico em pacientes com qualquer uma das seguintes características:
Homens ≥ 40 anos
Mulheres ≥ 50 anos e mulheres na pós-menopausa
Diabetes tipo 2
História familiar de hipercolesterolemia familiar ou doença cardiovascular precoce (i.e., idade de início < 55 anos para parente de 1º grau do sexo masculino ou < 65 anos para parente de 1º grau do sexo feminino)
Síndrome metabólica
Hipertensão
Doenças inflamatórias crônicas
Tratamento
Mudanças no estilo de vida (dieta, interrupção do tabagismo, atividade física);
Tratamento medicamentoso de fatores de risco diagnosticados;
Antiplaquetários;
Estatinas, possivelmente inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), betabloqueadores.
O tratamento envolve a modificação agressiva de fatores de risco de progressão lenta e indução de regressão de placas existentes. Não mais se recomenda a redução do colesterol LDL abaixo de certo alvo, e atualmente a abordagem "quanto mais baixo, melhor" é a preferida.
As modificações do estilo de vida envolvem dieta, interrupção do tabagismo e atividade física regular. Com frequência, é necessária a utilização de fármacos para dislipidemia, hipertensão e diabetes. Tais fármacos e as modificações do estilo de vida melhoram direta ou indiretamente a função endotelial, reduzem a inflamação e melhoram a evolução clínica.
Estatinas podem reduzir a morbidade e mortalidade relacionadas com a aterosclerose mesmo com níveis de colesterol normais ou discretamente aumentados. Antiplaquetários auxiliam todos os pacientes com aterosclerose. Pacientes com doença coronariana podem se beneficiar dos inibidores da ECA e betabloqueadores.
Referência bibliográfica
ALVES, Bireme /. Opas /. Aterosclerose e arteriosclerose. Gov.br. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/aterosclerose-e-arteriosclerose/>. Acesso em: 7 jul. 2022.
Einstein.br. Disponível em: <https://www.einstein.br/especialidades/cardiologia/doencas-sintomas/aterosclerose#:~:text=A%20aterosclerose%20é%20uma%20inflamação,de%20forma%20difusa%20ou%20localizada.>. Acesso em: 7 jul. 2022.
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