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Foto do escritorMicrobiologia grupo 2

Galactosemia: Incapacidade de transformar galactose em glicose


Relato de caso:

RN, masculino, com 5 dias de vida, aleitamento materno exclusivo;

  • A termo, parto vaginal, PN 3.210g;

  • P Alta 3110g estatura 49cm PC 35,5cm;

  • QP: vômitos, recusa alimentar, irritabilidade há 6 horas;

  • Foi levado ao PA, apresentava exame físico: nl;

  • Orientada manter LM e solicitado retorno S/N;

  • Com 7 dias de vida: não aceitava mais o peito, tentando fórmula infantil, reiniciou com vômitos e perda de peso;

  • Durante o trajeto para o hospital, apresentou crise convulsiva generalizada, levando a criança para sala de emergência;

  • Acesso venoso – benzodiazepinico + hidratação;

  • Dextro der 30mg/dl;

  • Criança foi internada, iniciado a investigação;

  • Peso atual 2950g

Evolução:

  • Persistiu com hipoglicemia, hepatomegalia, alteração da função hepática, acidose metabólica, hemograma infeccioso e hemocultura: E. coli;

HD:

  • Sepse- iniciado ceftriaxona;

  • Com 10 dias de vida: iniciou com icterícia;

  • Na investigação do oftalmo: catarata bilateral;

  • Erro Inato do Metabolismo;

  • Ainda sem resultado teste do Pezinho, iniciado a investigação com teste do pezinho ampliado;

  • Suspeita clínica de Galactosemia


Definição: A galactosemia é um distúrbio do metabolismo de carboidratos causada por deficiências enzimáticas hereditárias que convertem a galactose em glicose. A transmissão das deficiências enzimáticas é autossômica recessiva, e causa 3 síndromes clínicas.


Sintomas:

  • Diarreia;

  • Perda de apetite;

  • Náuseas e vômitos;

  • Pouco ou nenhum ganho de peso;

  • Aumento do tamanho do fígado;

  • Convulsões;

  • Hipoglicemia (níveis muito baixos de açúcar - glicose - no sangue);

  • Pouco ou nenhum ganho de altura;

  • Irritabilidade;

  • Icterícia, ou pele amarelada;

  • Letargia (o bebê fica apático, sem a mesma vivacidade e energia que tinha antes);

  • Distensão abdominal, com acúmulo de líquidos em seu interior;

  • Comprometimento do funcionamento dos glóbulos brancos podendo gerar infecções graves;

  • Presença de catarata em algumas crianças;

  • Anorexia;

  • Falência ovariana;

  • Cirrose.


Fisiopatologia:

Na galactosemia clássica a deficiência de GALT provoca o acúmulo do seu substrato, a galactose-1-fosfato e, consequentemente, a inibição da enzima galactocinase, o que resulta no aumento de galactose livre. Esse fator associado à ingestão continuada do leite estimula rotas secundárias de redução (pela enzima aldose redutase dependente de NADPH) ou de oxidação (pela enzima galactose desidrogenase dependente de NADH) desse monossacarídeo a galactitol ou galactonato, respectivamente.

Relata-se que essas substâncias podem causar danos a subpopulações de neurônios, como as células de Purkinje, ou à substância branca. Ademais, a galactose livre é relacionada à hepatotoxicidade (RIDEL et al., 2005; CASTRO et al., 2016). O galactitol também é associado ao desenvolvimento de catarata devido ao seu potencial hiperosmótico, o que leva ao inchaço das células do cristalino (lente do olho).

Além disso, a alta produção de galactitol consome o NADPH disponível na célula, o qual é necessário para a atividade da enzima glutationa redutase, cuja função é sintetizar compostos antioxidantes. Esse panorama favorece o estresse oxidativo que danifica diversos tecidos e causa morte celular (COELHO et al., 2017).


Causa (origem):

  • Deficiência da galactose-1-fosfato uridil transferase (forma clássica da galactosemia) ;

  • Deficiência de galactoquinase;

  • Deficiência de galactose 4-epimerase uridina difosfato.

A forma grave causa uma síndrome muito semelhante à da galactosemia clássica.


Diagnóstico:

É sugerido clinicamente e suportado por níveis de galactose elevados e pela presença da redução em outras substâncias além da glicose (p. ex., galactose, galactose-1-fosfato) na urina. Ele é confirmado por análise de DNA ou pela análise enzimática dos eritrócitos, tecido hepático, ou ambos. Todos os estados solicitam triagem de neonatos de rotina para a deficiência da galactose-1-fosfato uridil transferase.


Tratamento:

Eliminação, por meio da dieta, de todas as fontes de galactose, mais notadamente a lactose, que está presente no leite materno, todos os produtos laticínios, incluindo leite artificial para lactentes, e é um adoçante usado em muitos alimentos. A dieta livre de lactose previne a toxicidade aguda e reverte manifestações (como a catarata), mas pode não impedir deficiências neurocognitivas.

Muitos pacientes requerem suplementação de cálcio e vitaminas. Para os pacientes com deficiência de epimerase, alguma ingestão de galactose é fundamental para garantir o suprimento de uridina-5′-difosfato-galactose (UDP-galactose) utilizada em vários processos metabólicos.



 

Referência bibliográfica:

DEMCZKO, Matt. Galactossemia. Manuais MSD edição para profissionais. Disponível em: <https://msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/disfunções-metabólicas-hereditárias/galactossemia> . Acesso em: 5 jul. 2022.


DEVLIN, T.M. Manual de Bioquímica com Correlações Clínicas, 7ª ed., Ed. Blucher, 2011.


Triagem neonatal para galactosemia. Disponível em: https://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Galactosemia_DeteccaoGalactosemia.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2022

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